Os homens e os deuses Vivemos no mundo dos homens Os deuses vivem em outro mundo Dizem que o nosso mundo não é nosso Dizem que não somos quem pensamos ser Será? Dizem coisas absurdas a respeito dos deuses Fazem os mesmos parecerem diabos Dizem coisas horrendas a nosso respeito Dizem que os deuses nos controlam Dizem que somos inúteis Dizem que somos estúpidos Dizem que somos fantoches e que os deuses decidirão nosso destino Dizem que somos malditos e que devemos bajular os deuses Dizem que a nossa vida não é nossa Dizem que o paraíso é dos deuses e o inferno dos homens Dizem que os deuses têm muita raiva e que é melhor não os contrariar Dizem que nossa vontade não é boa como a dos deuses Dizem que nosso prazer deve ser satisfazer o ego dos deuses Dizem que não sabemos o que é bom para nós Dizem que o pensamento autônomo é sentença de morte, pois é rebelião contra os deuses e os deuses não perdoam Os deuses não sabem perdoar Dizem: “os deuses disseram tal coisa...”, mas os deus...
Meninas que não se parecem meninas e gostam de meninas Meninos que se parecem meninos e gostam de meninos Naquela avenida o homem é um pouco menos que homem É meio triste, meio feio, meio doente, meio mole, meio morto Lá eu vi homens que não se parecem com homens, a quem procuram outros homens, esses que se parecem com homem Também os procuram casais liberais La eu vi bares na cidade dos bares e gente que não dorme e música alta e xingamentos, ou seriam lamentos? Ali há fumaça e há pirraça Lá eu vi as novinhas vendendo Lá eu vi os rapazes comprando Vi rapazes perdendo Vi alguns temendo, outros tremendo Alguns se escondiam, outros se exibiam Uns “se deitavam” na calçada à vista de todos E outros em pequenos quartos sujos e fétidos Uns assistiam a “filmes alugados” em pequenas cabines Alguns solitários, outros com acompanhantes Lá o homem se desorienta, se degenera Vi gente correndo atrás de gente Na avenida do mercado, o homem se vende O homem se rende E o homem se prende Avenida do d...